domingo, 29 de maio de 2011

Curativo Seco X Curativo Úmido

O curativo úmido:
- protege as terminações nervosas superficiais, reduzindo a dor,
- acelera o processo cicatricial,
- previne a desidratação tecidual e a morte celular,
- promove necrólise e fibrinólise.
O curativo seco é recomendado em feridas cirúrgicas limpas, com sutura direta. A troca é, geralmente, diária, até a retirada dos pontos.

Reparo Tecidual

A reparação tecidual pode ser classificada em três fases, complexas, dinâmicas e sobrepostas. A liberação de mediadores ocorre em cascata, atraindo estruturas à periferia da região traumatizada.
O conhecimento das fases evolutivas do processo fisiológico cicatricial é fundamental para o tratamento adequado da ferida.
Classificação da Reparação Tecidual em 3 fases:
fase inflamatória ou 
exsudativa

Sua duração é de aproximadamente 48 a 72 horas.
Caracteriza-se pelo aparecimento dos sinais prodrômicos da inflamação: dor, calor, rubor e edema.
Mediadores químicos provocam vasodilatação, aumentam a permeabilidade dos vasos e favorecem a quimiotaxia dos leucócitos - neutrófilos combatem os agentes invasores e macrófagos realizam a fagocitose.
fase proliferativa
Tem a duração de 12 a 14 dias. Ocorrem neo-angiogênese, produção de colágenos jovens pelos fibroblastos e intensa migração celular, principalmente queratinócitos, promovendo a epitelização. A cicatriz possui aspecto avermelhado.
fase de maturação ou remodelação A terceira etapa pode durar de meses a anos.
Ocorre reorganização do colágeno, que adquire maior força tênsil e empalidece. A cicatriz assume a coloração semelhante à pele adjacente.

Cicatrização

O processo cicatricial é sistêmico e dinâmico e está diretamente relacionado às condições gerais do organismo. O meio úmido facilita a migração celular, a formação do tecido de granulação e a epitelização. O curativo adequado favorece a manutenção do meio úmido. O diagnóstico etiológico, identificação da fase evolutiva e conduta adequada são fundamentais para o sucesso do tratamento.

As feridas poderão ser classificadas segundo diversos parâmetros, que auxiliarão no diagnóstico, evolução e definição do tipo de tratamento, tais como:

Diagnóstico Etiológico , Causa, Morfologia, Grau de Contaminação, Fase Cicatricial, Característica do Exsudato, Presença de Fístulas, Característica do Leito da Ferida, Cultura da Secreção, Evolução da Ferida, Forma de Cicatrização.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

O que são feridas?

http://www.uff.br/cicatrizar/equipe.html
Ferida é a interrupção na continuidade de um tecido corpóreo. Tal interrupção pode ser provocada por algum trauma, ou ainda ser desencadeada por uma afecção que acione as defesas do organismo.

Tipos de feridas:

Serão apresentadas nas postagens seguintes os tipos de feridas que podem enunciar o tipo de tratamento e o curativo a ser aplicado no paciente. Tais aspectos são relevantes porque irão promover um processo de cicatrização condizente.

Quanto à profundidade


  • Feridas superficiais: quando atingem apenas as camadas mais superficiais da pele (epiderme e derme superficial ou intermediária);
  • Feridas profundas: quando atingem níveis mais profundos da pele (derme profunda, tecido adiposo, fáscias, tendões, músculos, ossos, cartilagens, ligamentos).

Quanto à complexidade


  • Feridas simples: são feridas que, em geral, se mostram superficiais e livres de sinais de infecção / contaminação / colonização por microorganismos, demandando cuidados com curativos e supervisão menos frequentes por parte de profissionais da saúde (médicos, enfermeiros etc) e tendendo a evolução benigna (isto é, à cicatrização espontânea);
  • Feridas complexas: são feridas que, em geral, acometem planos mais profundos ou maior número de tipos diferentes de tecidos (não apenas derme e epiderme, mas também ossos, cartilagens, tecido adiposo, fáscias musculares, tendões, ligamentos, vasos sanguíneos, tecido nervoso etc.), muitas vezes infectadas ou com grande risco de se tornarem infectas, com tendência a evolução desfavorável (isto é, perda progressiva de tecidos por necrose ou infecção, com possibilidade de amputação de segmentos, ou mesmo, em casos mais severos, de efeitos sistêmicos com risco de dano permanente ou óbito do indivíduo acometido pela ferida) e a grande prejuízo orgânico por parte do indivíduo acometido;

Quanto ao formato e agente causador de ferida traumática


  • Ferida puntiforme: formato punctual e de bordas ligeiramente irregulares, geralmente causada por instrumento perfurante de pequena área de secção transversal (como espinhos, pregos, agulhas etc.);
  • Ferida incisa: formato linear e de bordas geralmente regulares, geralmente causado por lâminas (faca, lâmina de barbear etc.);
  • Ferida corto-contusa: formato irregular, geralmente com diversos segmentos ulcerados, perdas de tecidos e de bordas de segmentos de ferida irregulares e possibilidade de se observar áreas de equimoses e hematomas adjacentes ás áreas de ulcerações, normalmente causado por objetos que produzem lesões simultaneamente por corte e impacto (machado, foice, aresta de um tijolo etc.);
  • Ferida pérfuro-contusa: formato quase regular, geralmente com bordas de ferida ligeiramente irregulares (a depender do tipo de elemento causador da lesão) e possibilidade de se observar áreas de equimoses e hematomas adjacentes ás áreas de ulcerações, normalmente causado por objetos que penetram a pele mediante impacto (como um projetil de arma-de-fogo);
  • Ferida pérfuro-incisa: formato habitualmente regular, geralmente com bordas de ferida regulares (também a depender do tipo de elemento causador da lesão), normalmente causado por objetos que penetram a pele com pouco impacto mas com bom potencial de divulsão de tecidos (como uma lâmina comprida, por exemplo).

Quanto ao formato e agente causador de ferida não traumática


  • Ferida causada por queimadura: formato irregular dependente da área de pele exposta à radiação ionizante, fonte de calor, abrasão ou produto químico causador da queimadura. Não é esperado que haja ferida se queimadura é classificada como de primeiro grau (apenas "avermelhamento" local na área de pele afetada). Já em queimaduras de segundo (formação de bolhas que se ulceram e formam feridas geralmente superficiais), terceiro (necrose de porções intermediárias e profundas de derme e / ou de tecido adiposo) ou quarto graus (necrose de tecidos profundos como ossos, cartilagens e músculos) há formação imediata de alguma lesão ulcerada;
  • Ferida causada por geladura: formato irregular dependente da área de pele exposta ao frio. Mais frequente em extremidades corpóreas. Pode assumir as mesmas características iniciais de queimaduras (apenas "avermelhamento" local na área de pele afetada, como ocorreria em queimaduras de primeiro grau; formação de bolhas que se ulceram e formam feridas geralmente superficiais, como ocorreria em queimaduras de segundo grau; necrose de porções intermediárias e profundas de derme e / ou de tecido adiposo e outros tecidos mais profundos, como ocorreria em queimaduras de terceiro ou de quarto graus). Muitas vezes são reversíveis em estágios iniciais, contudo, a demora em iniciar-se algum tratamento pode implicar lesão irreversível com perda de tecidos corpóreos;
  • Ferida causada por fatores endógenos: formatos diversos, a depender da patologia causadora das lesões. Variam de "rachaduras" em determinadas áreas de pele até lesões evolutivas que surgem como pequenos pontos avermelhados ou escurecidos e se desenvolvem em feridas de dificílima cicatrização. Algumas patologias que podem evoliur para feridas, com origem endógena: pênfigo, vasculites de etiologias diversas, psoríase, xeroderma pigmentosa etc.

Classificação das feridas


  • De acordo com a maneira como foram produzidas (cirúrgicas, contusas, laceradas, perfurantes);
  • De acordo com o grau de contaminação (limpas, limpas contaminadas, contaminadas, infectadas);
  • De acordo com o comprometimento tecidual (estágio I, II, III e IV)
  • De acordo com o tempo de evolução: agudas e crônicas

Referências


  • BORGES, E. L.; GOMES, F. S. L.; LIMA, V. L. A. N.; et al. Feridas: como tratar. Belo Horizonte: Coopmed, 2001. 144 p.
  • BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica. Manual de condutas para úlceras neurotróficas e traumáticas / Ministério da Saúde, Secretaria de Políticas de Saúde, Departamento de Atenção Básica. - Brasília: Ministério da Saúde, 2002. 56 p.: il. - (Série J. Cadernos de Reabilitação em Hanseníase; n. 2).
  • HESS, C. T. Tratamento de feridas e úlceras. 4. ed. Rio de Janeiro: Reichmann & Affonso. Editores, 2002. 226p.
  • JORGE, S. A.; DANTAS, S. R. P. E. Abordagem Multiprofissional do Tratamento de Feridas. São Paulo: Atheneu, 2003. 378p.
  • MALAGUTTI, K. C. T. (Orgs.). Curativos, estomias e dermatologia: uma abordagem multiprofissional. São Paulo: Martinari, 2010.
  • UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto. Úlceras Venosas e Doenças Venosas. Ribeirão Preto, 2002. Disponível em: http://www.eerp.usp.br/projetos/feridas/tratven.htm